A Terrível Beleza do Imprevisível

16 out

Image

Eu estou muito frustrado. Muito mesmo. Como é ruim não saber as coisas. Eu digo isso em todos os sentidos possíveis.

É horrível não saber como trocar uma resistência de chuveiro. É péssimo não saber como agradar um(a) garoto(a). É terrível não saber a resposta daquela questão do vestibular. Enfim, a ignorância é aterradora.

Por mais que estudemos, por mais que leiamos, por mais que vivamos, o conhecimento total não será alcançado. “Papai o que significa ‘paradigma’?”, posso ouvir meu futuro filho perguntando. “É… basicamente… algo mais ou menos… olha ali o dicionário, pegue-o, busque seu próprio conhecimento” posso escutar minha resposta. Não quero não saber das coisas.

É horrível não saber o que se passa dentro de alguém. Digo, quem pode me dizer se aquela pessoa me elogiou porque eu realmente fiz algo bom ou porque eu realmente estou bonito? Quem pode me garantir de que quem disse que estaria ao meu lado pro que der e vier realmente tem essa intenção? Quem pode me dizer? Quem pode? Quem consegue?

Essa semana eu assisti um filme chamado “Submarine”, e uma das cenas (pra falar a verdade, o filme todo) me chamou muito a atenção. O protagonista pega uma enciclopédia e começa a ler sobre a tecnologia do ultrassom. O ultrassom é um som emitido a uma frequência altíssima, e assim, não audível. Ele nos permite olhar dentro das coisas. Seja pra encontrar submarinos no fundo do mar. Seja pra detectar defeitos internos em blocos maciços de aço. Seja pra contemplar a vida ainda no ventre de uma mãe.

A ideia aqui, e o protagonista continua a divagar sobre, é saber o que se passa dentro de alguma coisa. Ele afirma que nunca poderemos saber o que acontece no interior da mente de alguém. O que se passa dentro de seus pais? Eles vão mesmo se separar? Eles querem mesmo isso? Ou eles se amam? O que se passa dentro de seu chefe? Ele vai mesmo te demitir? Você realmente não atende mais às expectativas da empresa? O que se passa dentro do amor da sua vida? Será que ele(a) também te ama o tanto quanto você o(a) ama? Como saber? Como proceder?

É péssimo não saber o futuro. O momento seguinte realmente me assusta. Eu posso morrer a qualquer momento. Meus pais podem morrer. Meus amigos, pessoas que amo podem sofrer algo. E me sinto responsável por isso. Por não poder ajudar. Por não poder prever. Como é terrível e assustador o futuro. É algo ainda mais misterioso que o oceano e mais escuro que o universo em sua totalidade. Como viver se não podemos nem ter ideia do que virá a seguir? É como ter que desviar de tiros estando vendado. É como atravessar um labirinto no escuro. A vida não tem roteiro. Não há destino. As estrelas não sabem escrever. Me respondam, como viver assim?

A resposta é: não tem como. Não tem saída. Ou você enfrenta o futuro de peito aberto, ou foge como um covarde. Na verdade, é aí que está a beleza da vida. O imprevisível é terrivelmente fascinante, nos dá um sentido pra viver. Se soubéssemos o futuro, pra que viveríamos? Seria como um filme já visto, um livro já lido.

E como um grande amigo meu, chamado Gabriel Paro, me falou: É no inesperado que Deus se revela. É assim que Deus nos lembra do quanto que precisamos dEle e de como somos pequenos. É aí que nasce a dependência. O oceano? Estamos a poucos passos de tocar os pés no mais profundo. O universo? Estamos perto de alcançar alturas inimagináveis. O tempo? Não há solução. Passado e futuro. Um já foi e jamais voltará. O outro ainda virá e não vai se apressar. Viva o presente. Deus te deu o presente. O futuro é dEle.

Vinícius Azevedo

@viniciusernani

Uma resposta to “A Terrível Beleza do Imprevisível”

  1. simone goes 2 de abril de 2013 às 20:46 #

    Deus ilumine cada vez mais as suas palavras.Eu precisava mesmo ver tudo o que você escreveu.Agora sei que não estou mais só : eu e os meus “conflitos”.

Deixe um comentário